
O mundo da internet, relativamente novo entre nós, criou também um jeito rápido de comunicação, o “imeiu”. O tal bicho é rápido e certeiro. De graça, cruza o mundo. Com o “imeiu” veio também o tal “Forward”. Ou o “encaminhar”. Pois esse “encaminhar” está tomando um rumo engraçado no Brasil. Acho que está querendo substituir a cidadania. Maluco eu? Sou sim. Mas não por isso. Explico.
Estava eu esses dias sentado junto ao meu micro em casa, ultimando preparativos para mais uma noite sagrada de docência quando recebi um email desses “Repassados”. Dificilmente abro, quando percebo do que se trata. Mas nesse, devo ter clicado de forma equivocada e quando percebi, estavam se abrindo os anexos na minha frente. Apavorado, fechei imediatamente mas fiquei tão abismado com o conteúdo que fui tentar ler o corpo do email para entender. Dizia que se tratava de uma “menina com problemas graves de pele” e que se eu repassasse o email, cada um valeria dez centavos ou coisa assim. Respirei e com muita calma fiquei pensando o que deveria eu responder a quem me mandou aquele email. Estava tão “feliz” com aquilo que imaginei as duas alternativas coerentes de resposta: Ou mando tomar no cú ou mando se fuder. Acabei me lembrando dos ensinamentos da minha mãe e apenas perguntei para a pessoa porque ela me repassava uma coisa daquelas e se ela não percebia o absurdo que era expor uma pessoa doente na internet com aquelas fotos. A resposta que recebi foi “ Vou te excluir da minha lista!” Bom, aí, esqueci da minha mãe, e mandei tomar no cú mesmo.
Fiquei imaginando o que essa pessoa debilóide pensou na hora de mandar um email desses para mim ( não era meu amigo/amiga não, era alguém amigo de um amigo.)
“Ah, vou repassar esse email. Assim vou parecer bacana e cidadã para meus conhecidos. Vou ser legal. Faço a minha parte!”
Enganada mocinha ! Não faz não!
Nesse caso foi sobre a desgraça alheia o email, mas mais comum ainda são: Os da cidade falando mal do prefeito, os do estado falando mal da Yeda e os do Brasil falando mal do Lula. Sabe o que me incomoda ? Na maioria das vezes não tem e mínima idéia do que falam. Mas repassam. Porque se acham cidadãos. Caos aéreo, CPMF, déficit do estado...Não tem a vaga idéia do problema, mas já que é moda e dá no jornal nacional todo dia, então vamos repassar. Fica legal. Antenado. Cidadão.
Não gosta da Yeda ? Pega tua bandeirinha meu velho e na outra eleição vai pra esquina tentar tirar ela de lá. Mas me diz uma coisa.. Sabes o que é déficit fiscal do estado? E desoneração das exportações do RS? Não ? Ah..Hum.. não..claro..Ah reenviar emails sabe..ah..ok..cidadão..claro!
Esses tempos, de saco cheio de me mandarem emails falando mal do Lula , respondi para todas as pessoas e perguntei qual era o fundamento a respeito daquele assunto ou daquelas críticas. Sabem a resposta de quase todos, antes mesmo de me ouvirem? “Tá não te mando mais, vais me xingar..” Xingar? Não , não vou. Quero conversar. Entender. Discutir argumentos. Construir opinião. Talvez mudar meu jeito de pensar. Mas não xingar. Quero ser cidadão. Saber o que os outros pensam. Mas ai é que está. Não se pensa. Apenas se “repassa” porque o repassar dá alívio. Trás a sensação que “ sou cidadão porque reclamo do governo ou porque mando fotos de uma menininha doente pela net” O brasileiro se proclama “um povo generoso” Será?
Nos odiados Estados Unidos, já famosos por terem um povo alienado, mais de 60 % das pessoas fazem algum tipo de trabalho social ou comunitário. No Brasil esse índice não chega a 10%. E aí?
Não quero o fim do email ou dos “ Encaminhar”. Queria apenas que chegasse um tempo, onde as pessoas escrevessem seus próprios emails. Suas próprias críticas. Constatações. Exercitassem suas idéias. Fossem cidadãos enfim. Mas enquanto esse dia não chega, peço clemência e que me poupem da “cidadania de emails”
Agradeço !
Estava eu esses dias sentado junto ao meu micro em casa, ultimando preparativos para mais uma noite sagrada de docência quando recebi um email desses “Repassados”. Dificilmente abro, quando percebo do que se trata. Mas nesse, devo ter clicado de forma equivocada e quando percebi, estavam se abrindo os anexos na minha frente. Apavorado, fechei imediatamente mas fiquei tão abismado com o conteúdo que fui tentar ler o corpo do email para entender. Dizia que se tratava de uma “menina com problemas graves de pele” e que se eu repassasse o email, cada um valeria dez centavos ou coisa assim. Respirei e com muita calma fiquei pensando o que deveria eu responder a quem me mandou aquele email. Estava tão “feliz” com aquilo que imaginei as duas alternativas coerentes de resposta: Ou mando tomar no cú ou mando se fuder. Acabei me lembrando dos ensinamentos da minha mãe e apenas perguntei para a pessoa porque ela me repassava uma coisa daquelas e se ela não percebia o absurdo que era expor uma pessoa doente na internet com aquelas fotos. A resposta que recebi foi “ Vou te excluir da minha lista!” Bom, aí, esqueci da minha mãe, e mandei tomar no cú mesmo.
Fiquei imaginando o que essa pessoa debilóide pensou na hora de mandar um email desses para mim ( não era meu amigo/amiga não, era alguém amigo de um amigo.)
“Ah, vou repassar esse email. Assim vou parecer bacana e cidadã para meus conhecidos. Vou ser legal. Faço a minha parte!”
Enganada mocinha ! Não faz não!
Nesse caso foi sobre a desgraça alheia o email, mas mais comum ainda são: Os da cidade falando mal do prefeito, os do estado falando mal da Yeda e os do Brasil falando mal do Lula. Sabe o que me incomoda ? Na maioria das vezes não tem e mínima idéia do que falam. Mas repassam. Porque se acham cidadãos. Caos aéreo, CPMF, déficit do estado...Não tem a vaga idéia do problema, mas já que é moda e dá no jornal nacional todo dia, então vamos repassar. Fica legal. Antenado. Cidadão.
Não gosta da Yeda ? Pega tua bandeirinha meu velho e na outra eleição vai pra esquina tentar tirar ela de lá. Mas me diz uma coisa.. Sabes o que é déficit fiscal do estado? E desoneração das exportações do RS? Não ? Ah..Hum.. não..claro..Ah reenviar emails sabe..ah..ok..cidadão..claro!
Esses tempos, de saco cheio de me mandarem emails falando mal do Lula , respondi para todas as pessoas e perguntei qual era o fundamento a respeito daquele assunto ou daquelas críticas. Sabem a resposta de quase todos, antes mesmo de me ouvirem? “Tá não te mando mais, vais me xingar..” Xingar? Não , não vou. Quero conversar. Entender. Discutir argumentos. Construir opinião. Talvez mudar meu jeito de pensar. Mas não xingar. Quero ser cidadão. Saber o que os outros pensam. Mas ai é que está. Não se pensa. Apenas se “repassa” porque o repassar dá alívio. Trás a sensação que “ sou cidadão porque reclamo do governo ou porque mando fotos de uma menininha doente pela net” O brasileiro se proclama “um povo generoso” Será?
Nos odiados Estados Unidos, já famosos por terem um povo alienado, mais de 60 % das pessoas fazem algum tipo de trabalho social ou comunitário. No Brasil esse índice não chega a 10%. E aí?
Não quero o fim do email ou dos “ Encaminhar”. Queria apenas que chegasse um tempo, onde as pessoas escrevessem seus próprios emails. Suas próprias críticas. Constatações. Exercitassem suas idéias. Fossem cidadãos enfim. Mas enquanto esse dia não chega, peço clemência e que me poupem da “cidadania de emails”
Agradeço !
Jacques, inverno de 2007

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