
Li uma notícia na Zero Hora hoje onde narrava a luta de uma menina inglesa de 11 anos para poder morrer. O tema despertou minha atenção e fui me inteirar mais do fato. Com o coração fraco por anos de tratamento de uma leucemia, a menina não quer mais saber de hospital e de uma cirurgia de transplante. “ Quero apenas passar este Natal em casa” disse ela, na foto sentada muito tranqüila na sua cama, ao lado da mãe. As autoridades da Inglaterra entraram na justiça para poder fazer a cirurgia e tentar o transplante. Ela mesma testemunhou pela sua causa perante a justiça.
Me espantou a serenidade da menina sobre o assunto. A tranqüilidade. Fiquei pensando : Será que ela sabe de algo que eu não sei? Que tipo de criança tem maturidade para uma decisão destas ? Essa parece ter.
Vezes por outras na vida, cruzamos por pessoas diferentes. Diferentes de nós. Que por alguma razão, nos despertam para algo especial. Me lembro sempre de um chefe que eu tive quando ainda tinha meus 19 anos e que me ajudava sem razão aparente. A eu e a todos aliás. Uma pessoa de generosidade constante , digamos. E assim como esse meu chefe, cada pessoa já deve ter cruzado por alguém assim na vida. Pois li a história dessa menina, vi seu rosto e tive essa sensação. De que ela sabe mais do que eu dos mistérios da vida. E que enfrenta o grande medo da humanidade com uma grandeza de Hércules. Nos seus trinta e poucos quilos aparentes, parece morar um gigante.
A questão aqui talvez seja a gente perceber quando encontra alguém assim. Talvez seja preciso alguma sensibilidade específica, sei lá. Mas o fato é que essas pessoas andam por aí. Uns anônimos, outros eu acho que conhecidos ( Quem sabe Sidarta ? Gandhi ? Aquela senhora da esquina que tem oito filhos adotivos ? ) O fato é que é bom topar com eles às vezes. Nem que seja pelo jornal. Dá uma sensação boa ! O mundo não é feito só de Bushs, afinal!
A propósito, a menina ganhou a ação e não fará o transplante.
Espero que ela encontre este Natal de 2008. E depois.. Bom, na minha cabeça ao menos, de trás da camiseta rosa em que ela aparece na foto, vão surgir duas asas brancas e imensas e bem mais cedo do que devia, ela vai fazer o caminho que todos faremos um dia, o caminho de volta.
Mesmo sem te conhecer Hannah, que teu vôo seja suave...
Jacques, lobo voador, flowertime, 2008.

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