Apenas para contexto geral, foi escrito na segunda feira após o final do campeonato gaúcho de futebol.
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No domingo quando terminou o holocausto italiano no Beira-Rio saí para dar uma volta pela cidade e olhar a festa. E vi uma multidão de adolescentes comemorando o título do Inter. Coisa que eu não havia visto nunca. Desde o meu próprio tempo de adolescente, todos os púberes que eu conhecia eram gremistas. As glórias recentes do Internacional trouxeram a meninada para o lado vermelho da força. Coisas da vida. Faz parte.
Mas paixões futebolísticas a parte, percebi como cada vez mais o mundo é movido a sucesso. Sim porque meninas adolescentes que não fazem nem idéia do que é um “off-side” comemoravam este título nas ruas da cidade com uma volúpia impressionante. Como se fizessem realmente idéia do que se trata este nobre esporte bretão. Mas o sucesso é assim. Como é bom ter sucesso. No time , na vida.. Sair de casa, na chuva, se encharcar para gritar “O meu é o melhor!!!” E é bom mesmo. Coisa boa ser o melhor!
Mas fiquei pensando nos que perderam. No menino de 12 anos que voltou para Caxias molhado e viu seu time sofrer a maior derrota da história de um campeonato. Derrotado. Humilhado. Sacaneado.
A derrota é absolutamente introspectiva. A vitória é ejaculadora!
Aprender a perder é uma das coisas mais difíceis do mundo. Somos preparados desde que nascemos para o sucesso. Mas sofremos muito para digerir cada fracasso. A cultura ocidental, hoje absolutamente americanizada, nos trouxe essa coisa do “Looser”. Americanos quando querem se xingar, se chamam de perdedores. Como se todos nós em algum momento da vida, não fôssemos loosers. A derrota , na verdade é que faz a vitória ter graça. Que sem sal deve ser o ser humano que só vence.
Pensei um pouco nos perdedores de domingo. Não chegou a me dar inveja deles, foi bom vencer. Mas lembrei que uma derrota pode ser educativa. Ao passo que a vitória via de regra é apenas extravasante.
Uma derrota “lutada” muitas vezes é melhor que uma vitória vazia, sem méritos.
Remeto-nos agora as memórias do imortal Darci Ribeiro, em sua biografia, falando sobre o regime militar de 64:
“ Graças a Deus, naquela guerra, fui um perdedor. Por nada nessa vida ou na outra, eu queria estar na pele dos vencedores”
Jacques, outono de 2008, quarta de céu azul amarelado na Satolep de Vitor Ramil
01/07/2008
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