
Dia 20 de setembro próximo passado, eu estava em Brasília. BSB, como o pessoal que mora lá chama sua própria cidade. À noite, quando cheguei no hotel, lembrei da data e coloquei uma camiseta que sempre levo nas minhas viagens. Aquela básica, estilo “ É, eu sou gaúcho sim e daí? “. Bom, na verdade só tinha o mapa do Rio Grande. Mas o sentido acaba sendo um pouco esse. Misto de orgulho e desafio.
Coloquei minha camiseta e fui para o lobby do hotel, esperar o pessoa do trabalho, iríamos jantar em algum lugar da cidade. Sentei numa espécie de piano bar, muito chique e pedi uma cerveja, na espera.
Na minha frente, estava um casal de idosos, lá pelos seus setenta anos. Os dois me olhavam com interesse. E conversaram algo entre si. A senhora levantou e veio até a mim:
- Muito linda tua camiseta. Hoje é o nosso dia. Dia dos gaúchos!
E me convidou para sentar com eles.
Começamos uma típica conversa entre gaúchos. Eles me contaram que , cinqüenta anos atrás, deixaram o Rio Grande com destino ao nordeste. Seu Moraes, então sargento da cavalaria em Alegrete, foi promovido e transferido para Pernambuco. Enamorado já de Dona Noeli , casaram-se e partiram. Hoje estão aposentados e moram em Maceió. E estavam em Brasília visitando a neta mais velha, que trabalha num ministério.Aproveitaram uma dessas excursões de terceira idade e vieram. Contei um pouco das minhas andanças também e se encantaram quando eu disse que conhecia quase cento e vinte cidades do nosso Rio Grande. O papo já fluía fazia uns vinte minutos quando Dona Noeli pediu licença e levantou. Achei que ia ao banheiro ou algo assim. Em seguida, ouvimos os acordes iniciais, ao piano, do glorioso hino Farroupilha “.. aurora percussora, do farol..” Era Dona Noeli. E o hino invadiu o imenso bar e o lobby do hotel. Chamou atenção de todos, que se viraram para ver quem tocava. Claro que a nós dois, eu e seu Moraes, o som era bem mais significativo. É incrível como um gaúcho longe de casa se emociona com as coisas de sua terra.
E a música prosseguia..” ..sirvam nossas façanhas..”
Mas uma cena então me chamou atenção. No fundo do bar, um senhor, bem velhinho, em pé, com um chapéu na mão, ouvia ereto e solene os acordes do piano.Meio que sem notar, me levantei também. E seu Moraes me seguiu. E ficamos ali, os três malucos, em pé, ouvindo aquela velhinha se balançando naquele piano.
Quando a música cessou , seu Moraes me comentou que o tal senhor estava na excursão deles, era um viúvo. E gaúcho, claro.
Meus colegas chegaram e saímos para jantar. Mas as cenas e os acordes de Dona Noeli me vinham a cada instante.
E celebraram para mim, o imenso orgulho ser gaúcho. Orgulho que vi naquelas pessoas, que cinqüenta anos depois, ainda lembram e festejam a terra em que nasceram. Orgulho de fazer parte de muito mais do que um estado, limitado por posições geográficas. Fazer parte de uma nação.
Existem mais CTGs espalhados pelo Brasil que no próprio Rio Grande. Isso é uma coisa incrível...
Na volta do jantar, encontrei seu Moraes, dona Noeli e seu Ortiz conversando. Seu Ortiz era o senhor que perfilado e olhos marejados, ouvia em sentido a gloriosa canção farrapa. Fui cumprimentá-los. E descobri que seu Ortiz , NOVENTA E QUATRO anos, isso mesmo, noventa e quatro anos, tinha lutado na revolução de trinta e também tinha amarrado seu cavalo no obelisco em São Paulo, com Getúlio. Que noite...
Tirei fotos com eles. Várias. Dona Noeli me deu o endereço de email e msn deles ( É Mole?) e ainda o da neta de Brasília. Solteira e bonita, segundo ela..Risos
Fui dormir rindo sozinho. Lembrando daquelas conversar e imaginando um pouco os campos de batalha de trinta e cinco onde os heróis farrapos escreveram com a vida uma das páginas mais bonitas e ricas do nosso Brasil.
Ah e detalhe : Dona Noeli e seu Moraes tem três filhos. Todos nascidos no RS. A cada parto, eles iam até o RS, em um aviãozinho da FAB, para que o filho nascesse em solo gaúcho...
Bom, então me despeço por aqui, vivente !!! E parafraseando alguém por aí..
Se eu tiver quarenta vidas, que o bom Deus me permita nascer quarenta vezes no sagrado solo gaúcho !!!!
Viva o Rio Grande ! Viva o Brasil !
Jacques, quase primavera de 2006.
Coloquei minha camiseta e fui para o lobby do hotel, esperar o pessoa do trabalho, iríamos jantar em algum lugar da cidade. Sentei numa espécie de piano bar, muito chique e pedi uma cerveja, na espera.
Na minha frente, estava um casal de idosos, lá pelos seus setenta anos. Os dois me olhavam com interesse. E conversaram algo entre si. A senhora levantou e veio até a mim:
- Muito linda tua camiseta. Hoje é o nosso dia. Dia dos gaúchos!
E me convidou para sentar com eles.
Começamos uma típica conversa entre gaúchos. Eles me contaram que , cinqüenta anos atrás, deixaram o Rio Grande com destino ao nordeste. Seu Moraes, então sargento da cavalaria em Alegrete, foi promovido e transferido para Pernambuco. Enamorado já de Dona Noeli , casaram-se e partiram. Hoje estão aposentados e moram em Maceió. E estavam em Brasília visitando a neta mais velha, que trabalha num ministério.Aproveitaram uma dessas excursões de terceira idade e vieram. Contei um pouco das minhas andanças também e se encantaram quando eu disse que conhecia quase cento e vinte cidades do nosso Rio Grande. O papo já fluía fazia uns vinte minutos quando Dona Noeli pediu licença e levantou. Achei que ia ao banheiro ou algo assim. Em seguida, ouvimos os acordes iniciais, ao piano, do glorioso hino Farroupilha “.. aurora percussora, do farol..” Era Dona Noeli. E o hino invadiu o imenso bar e o lobby do hotel. Chamou atenção de todos, que se viraram para ver quem tocava. Claro que a nós dois, eu e seu Moraes, o som era bem mais significativo. É incrível como um gaúcho longe de casa se emociona com as coisas de sua terra.
E a música prosseguia..” ..sirvam nossas façanhas..”
Mas uma cena então me chamou atenção. No fundo do bar, um senhor, bem velhinho, em pé, com um chapéu na mão, ouvia ereto e solene os acordes do piano.Meio que sem notar, me levantei também. E seu Moraes me seguiu. E ficamos ali, os três malucos, em pé, ouvindo aquela velhinha se balançando naquele piano.
Quando a música cessou , seu Moraes me comentou que o tal senhor estava na excursão deles, era um viúvo. E gaúcho, claro.
Meus colegas chegaram e saímos para jantar. Mas as cenas e os acordes de Dona Noeli me vinham a cada instante.
E celebraram para mim, o imenso orgulho ser gaúcho. Orgulho que vi naquelas pessoas, que cinqüenta anos depois, ainda lembram e festejam a terra em que nasceram. Orgulho de fazer parte de muito mais do que um estado, limitado por posições geográficas. Fazer parte de uma nação.
Existem mais CTGs espalhados pelo Brasil que no próprio Rio Grande. Isso é uma coisa incrível...
Na volta do jantar, encontrei seu Moraes, dona Noeli e seu Ortiz conversando. Seu Ortiz era o senhor que perfilado e olhos marejados, ouvia em sentido a gloriosa canção farrapa. Fui cumprimentá-los. E descobri que seu Ortiz , NOVENTA E QUATRO anos, isso mesmo, noventa e quatro anos, tinha lutado na revolução de trinta e também tinha amarrado seu cavalo no obelisco em São Paulo, com Getúlio. Que noite...
Tirei fotos com eles. Várias. Dona Noeli me deu o endereço de email e msn deles ( É Mole?) e ainda o da neta de Brasília. Solteira e bonita, segundo ela..Risos
Fui dormir rindo sozinho. Lembrando daquelas conversar e imaginando um pouco os campos de batalha de trinta e cinco onde os heróis farrapos escreveram com a vida uma das páginas mais bonitas e ricas do nosso Brasil.
Ah e detalhe : Dona Noeli e seu Moraes tem três filhos. Todos nascidos no RS. A cada parto, eles iam até o RS, em um aviãozinho da FAB, para que o filho nascesse em solo gaúcho...
Bom, então me despeço por aqui, vivente !!! E parafraseando alguém por aí..
Se eu tiver quarenta vidas, que o bom Deus me permita nascer quarenta vezes no sagrado solo gaúcho !!!!
Viva o Rio Grande ! Viva o Brasil !
Jacques, quase primavera de 2006.

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