
Preconceito, se formos analisar morfologicamente a palavra, é um substantivo que define algo que é percebido fora do tempo. Um julgamento antecipado. Uma decisão sem todos dados disponíveis. Ou é como o agrião, na infância da gente. A gente dizia que não gostava, sem nunca ter tido a vaga idéia de que gosto tinha. Preconceito é como agrião!! Fico imaginando o quanto eu, você, eles, nós, perdemos nessa vida pelo tal preconceito. E a vida mesmo vai dando porrada todo dia nessa tecla e a gente não se dá conta. Rola preconceito de tudo. Sobre pessoas, coisas, lugares, objetos. Até sentimentos são alvo de preconceitos. O tal do amor , por exemplo, é um sentimento dos mais atingidos. Bombardeados até. Por que todo amigo meu ( Pessoas boas, caráter bom ) sempre dá aquele riso misto de desconfiança, estranheza e incompreensão, quando eu digo que gosto e escrevo poesias e que às vezes elas falam do tal amor? Porque , claro, só nerds escrevem poesias e falam sobre noites em claro pensando numa menina... Agrião!! Então é isso, moçada. O amor é demodê. Digo o amor no sentido lato. Amplo. Não aquele que descrevi esses tempos em outra crônica, que sai das bocas humanóides na segunda semana de ficação. Um dos meus contatos do msn, tinha ao lado do seu nome nesta semana a frase " o mundo precisa de amor e não de guerra" . Minha primeira reação : Frase muito brega. Que falta de criatividade. Será? Quer coisa mais bacana pra escrever no Msn? Nessa reflexão que faço agora questiono meus próprios preconceitos. Minha própria insistência em olhar o mundo com óculos de cavalo. Da minha absoluta falta de noção em achar que o que eu penso ,de alguma forma, é a melhor forma de pensar. E do quanto isso me leva a mais perigosa das constatações: Eu sou legal! E o que for diferente de mim não é tão legal assim. Ou seja.. o resto é agrião. Mas enfim... Dá pra olhar as coisas com outros olhos? Pô, dá né? Sabe aquela olhadinha que o cachorro da gente dá de lado? Quando ele vira a cabecinha pra olhar algo que acha estranho? Pois é..sabe o que ele tá fazendo? Tentando entender o que ele não entendeu na posição anterior. Do jeito dele e na limitação da sua cabeça, ele tá olhando de uma outra ótica. Apenas dando uma viradinha na cabeça. Claro que eu não espero que nós, reles seres humanos, consigamos ter a generosidade de um cão ao olhar pro mundo. Mas não custa nada dar uma viradinha na cabeça às vezes. Tentar não custa. De repente, de ladinho, o agrião fica até mais gostoso.
Paz!
Jacques Primavera de 2005

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