Mude o mundo

20/02/2009

Asas


Inegável dizer que a vida moderna nos faz cada vez mais solitários. A evolução da humanidade, que trouxe ao seres e especialmente às mulheres,o direito de casar quando quiser e com quem quiser, de alguma maneira agravou ou ao menos, pôs na mesa mais claramente a questão da solidão. Me impressiona o que vejo , leio e escuto, de pessoas buscando sua alma gêmea. A antiga percepção romântica da que somos “anjos de uma asa só” precisando complemento, viceja por incrível que pareça, estabelecendo deforma ditatorial uma pseudo-verdade absurda : De que precisamos de outra“asa” para vivermos em felicidade. Mesmo os homens, não tão atingidos por essa percepção, enfrentam esse conflito interno e externo, principalmente se os anos passam e o sujeito não casou. Experiência própria sobre essa percepção social, graças aos meus trinta e poucos..Óbvio que tudo isso é facilmente compreendido. Existe uma culpa religiosa, uma história que liga a solteirice, mesmo que transitória, auma espécie de fracasso. Conheço muitas mulheres de quarenta solteiras por exemplo. Mas poucas felizes. E estas últimas admiro muito. Uma reflexão : Será que cada um de nós, cada um dos seis bilhões que habitam a terra tem sua “soul-mate” , sua alma gêmea ? Me parece improvável pela própria especialidade do assunto. Algo tão bacana, tão especial, tão perseguido por todos, estaria disponível a cada ser desse planeta azul ? Não creio. A natureza não é assim. Vida não é assim. A vida busca diversidade. De formas, temperamentos e costumes. Assim a vida de mantém VIDA. O que não quer dizer sob hipótese alguma que não é permitido a todos sonhar e buscar uma união eterna. Afinal, qualquer um de nós pode ser um agraciado. O que debato aqui é o sonho estanque. A pessoa que sonha e por isso, não vive mais. Espera o sonho e se ele não vier, não se realiza. Vamos aos fatos. Oitenta e cinco por cento dos casamentos não são pra sempre. E noventa e nove virgula seis por cento de cada relação que se começa está fadada ao ”fracasso” ou seja, não terminará com dois velhinhos de mão olhando o crepúsculo da vida em uma cada de praia. Não acredito em anjos de uma asa só voando por aí. Acredito em anjos de duas asas, bonitos, completos, elegantes e de cabeça feita. Voando felizes, com esperança de um encontro com outro anjo bacana. Que entendiante alma-gêmea. Pra mim, se puder escolher, fico com uma alma-não-gêmea. BEM não-gêmea.

Não que complete. Mas que acrescente. Não que preencha. Mas que dê cor. Não que seja a única esperança. Mas que seja uma escolha. Mas na minha visão.. cada um com suas asas. Com seus sonhos..

Dois seres. Dois caminhos paralelos.Caminhos separados. E ao mesmo tempo juntos. Não se divide a vida com ninguém. Ai está o grande erro. Tua vida é tua vida, presente de Deus e você não dispõe dela para dar a alguém! Porém....( Ainda bem que tem porém) Acho que a gente pode sim convidar alguém pra assistir juntos o espetáculo com a gente. Sem fiascos, sem exageros e sem projeções absurdas de que aquele reles ser humano que nos acompanha possa ser a resposta pra tudo e nos trazer afelicidade almejada. Não pode. É fardo pesado demais.

Quatro pulmões, dois narizes. Dois sonhos. Duas vidas.Quarenta dedos. Dois umbigos.Duas almas. Dois corações.

Uma felicidade.

Jacques, verão 09.

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